Se a cólera que espuma, a dor que mora
N'alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo que punge, tudo o que devora
No coração, no rosto estampasse;
Se pudese, o espírito que chora,
Ver atráves da ascara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa,então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez exista,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosos!
(Raimundo Correia)
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