Momentos frágeis

Tantas vezes na vida sentimos a certeza que já nada nos magoa. Que estamos cobertos eternamente pela capa impermeável da defesa. Mas a verdade é que na vontade de tentarmos entender os outros, esquecemos de continuar a proteger a nossa defesa. E basta um pequeno momento de deslize para que deixemos que recordações amargas do passado, já decididamente enterradas, brotem no nosso ser como ervas daninhas que crescem repentinamente. E repentinamente me envolve a raiva que nunca quero sentir e deixo minha alma chorar, para o ódio não me dominar. O amor me alertou para isso e covarde mente envolvida em dores, o deixo a falar sozinho... e só porque é o amor ele continua à minha espera, enquanto ainda continuo num silêncio onde apenas o egoísmo o justifica.

O amor me conhece e sabe que preciso de um tempo. Passado tantas horas ainda me acompanham fortes dores de cabeça, provocadas pelo passado que teimosamente sem eu pedir invade o meu espaço, como que me pedindo ajuda para conseguir viver, sem se deixar abater pelo remorso. Mas no fundo ao continuar a ouvir os desabafos do passado, ao tentar que ele viva em paz, também tem escondida a intenção de eu poder continuar a viver sem sentir dores amargas ao recordar. Ao tentar dizer ao passado... vai... estou dizendo a mim que chega de chorar na dor por mim. Porque, eu, encontrei a PAZ! Mas também sei que estás, esperando pacientemente por mim, com a tua mão estendida para me levares para longe de todos os meus fantasmas. E eu sei que de olhos fechados, nos teus braços, posso seguir por uma estrada segura... e eu sei que tu me salvaras.(FernandaRocha)